sábado, 10 de maio de 2025

"AREIAS DE HISTÓRIA" - Inauguração

 Sob os céus eternos do Egito, onde o tempo repousa entre dunas douradas e ventos que sussurram segredos antigos, convidamo-los a atravessar os portais da história. O Egito, terra de faraós e mitos, onde o sol se ergue como um disco sagrado e as estrelas desenham mapas para a eternidade, abre-se agora diante de nós não apenas como memória, mas como um convite a uma verdadeira “Viagem com Alma”...

No silêncio vasto do deserto, o amanhecer emerge como um segredo desvendado aos poucos. O horizonte, antes velado pela escuridão, começa a brilhar em tons de dourado e âmbar, e a luz, como uma carícia delicada, desperta as dunas. Cada grão de areia parece capturar um reflexo da eternidade, cintilando como estrelas que repousaram na terra durante a noite.







O vento insinua-se entre as tendas, suave e constante, carregando consigo o aroma da areia aquecida, misturado ao subtil perfume de especiarias e incenso. É uma brisa viva, que parece contar histórias antigas – murmúrios de faraós, ecos de caravanas que cortaram esse mesmo mar de areia em busca de destinos longínquos.


Em redor, há uma quietude que não é ausência de som, mas presença. É o som do deserto, onde o silêncio respira e vibra, como se o próprio espaço contivesse as memórias do passado. Cada sopro de ar traz a sensação de se estar diante do sagrado, de algo maior que o tempo e que nós mesmos.




O acampamento, com as suas formas simples e os seus tecidos dançando sob a brisa matinal, é um refúgio e, ao mesmo tempo, um portal. Aqui, entre o nascer do sol e as sombras das dunas, o Egito revela-se não como uma terra distante, mas como uma presença viva. É impossível não sentir o peso das eras. As imagens de templos majestosos e colunas erodidas pelo tempo surgem na mente, e os hieróglifos parecem flutuar no ar, narrando histórias numa língua que o coração entende, mesmo que os olhos não leiam.


Sob o céu que agora se tinge de azul, somos transportados. Não estamos apenas diante de um amanhecer no deserto, mas de um encontro com a eternidade. É uma travessia invisível, onde cada passo nos leva a uma conexão mais profunda com aqueles que habitaram esta terra e deixaram a sua marca no vento, na areia, nas estrelas.



Sejam bem-vindos a este momento e a este lugar. Aqui começou e acaba uma jornada – não apenas por um Egito que se descortina nos objetos e nas imagens, mas por um Egito que vive na vastidão dos sentidos e na alma de quem ousa escutá-lo.





Dizem que existe, no coração oculto do deserto, uma tenda que só os viajantes de alma antiga conseguem encontrar. Ela ergue-se à primeira luz do dia, quando o mundo ainda respira em silêncio, quando as sombras ainda se confundem com os sonhos. O seu toldo gigante, tingido de lumes esquecidos, ondula como um ser vivo sob o sopro dos deuses antigos.

Dentro dela, o chão é um mar de cores quentes — uma carpete vasta, tecida com fios de amanheceres antigos. De um lado, um candeeiro derrama uma luz quente e pulsante, como se ali dentro vivesse o coração do próprio deserto. Pequenas esculturas — antigos espíritos esculpidos em bronze — vigiam em redor, mudos, atentos. Dois poofs repousam sobre a carpete, e entre eles uma mesa baixa, pesada, como um altar, sustenta uma taça de laranjas tão perfeitas que parecem roubadas dos jardins secretos do sol. O ar cheira a poeira doce, a terra quente, a fruta madura. À entrada, dois camelos aguardam. Um deitado, o outro de pé — sentinelas imóveis — com olhos negros como a noite sem lua. Além da tenda, meio velada pela névoa dourada da manhã, uma esfinge antiga e esquecida ergue o seu perfil contra o horizonte — um eco petrificado de tempos em que os homens falavam com as estrelas.

E por entre as ondas ondulantes da areia, uma mulher berbere atravessa o mundo em marcha lenta. Os seus camelos seguem-na como sombras obedientes, e o seu manto, de cor dourada, parece carregar consigo todos os segredos do deserto. Diz-se que quem ali adormecer, sob aquela luz dourada e sob o olhar atento da esfinge, acordará sabendo coisas que jamais poderão ser ditas em voz alta — saberá os nomes verdadeiros do vento, das estrelas e da própria saudade. Mas poucos encontram essa tenda, e menos ainda conseguem lembrar-se dela ao acordar.

O CORREDOR DOS DEUSES
























VISITA DE EÇA DE QUEIRÓS NA INAUGURAÇÃO DO CANAL DO SUEZ

A 23 de outubro de 1869, Eça de Queirós, então com 23 anos de idade, partiu para o Egito. Ia assistir às às festas de inauguração do Canal de Suez, acompanhado pelo seu amigo D. Luís de Castro Pamplona, conde de Resende. A viagem por terras do Oriente durou cerca de dois meses. 
Eça desembarcou em Alexandria no dia 5 de novembro, seguindo para o Cairo. Da capital egípcia voltou a Alexandria, de onde partiu, por mar, rumo a Port Said, fazendo parte da comitiva que a 17 de novembro participou nas cerimónias grandiosas que assinalaram a abertura do canal ao tráfego marítimo internacional.






O relato da inauguração do Canal do Suez aparece ainda no livro do escritor português "O Egito - Notas de Viagem", obra póstuma, publicada em 1926, que descreve pormenorizadamente a cultura egípcia da época. A sua publicação ficou a dever-se aos filhos do escritor, em especial a José Maria e a Alberto. Foram eles que descobriram o original queirosiano da viagem. 







A GEOGRAFIA DOS LUGARES







A ENTRADA

Onde a Terra Sonha e as Asas Dançam
No silêncio dourado do deserto, onde o sol arde com a memória dos deuses, nasce o oásis — fonte de vida entre dunas infinitas. Ali, onde a areia parece eterna, a terra desperta em segredo e oferece sombra, água e alívio. Palmeiras erguem-se como guardiãs do milagre, e pequenas lagoas espelham o céu, serenas, intocadas. O oásis não é apenas lugar: é promessa, é pausa, é alma do deserto.


E então, como se viessem do próprio sopro do vento, surgem elas — borboletas monarca, dançando no ar com asas feitas de fogo e sol. Viajam distâncias impensáveis, guiadas por um instinto que desafia o tempo, leves e determinadas. Esvoaçam entre palmeiras e refletem sobre as águas, tocando o espaço com uma graça que não se explica. São frágeis, mas resistentes; são livres, mas sabem sempre para onde voltar. Carregam em si a essência da transformação — como o oásis, são o impossível tornado real.


Ali, onde o deserto encontra a vida e o ar se enche de poesia invisível, o Egito respira. E convida-nos a ver com outros olhos — a beleza que se revela quando paramos, olhamos, e escutamos o que parece silêncio.










ESPETÁCULO DE INAUGURAÇÃO



















BEBERETE / CONVÍVIO


















E ASSIM ANOITECEU NO EGITO