quarta-feira, 1 de março de 2017

Desafio aos Viajantes: "O Corvo"

Ao passearmos pelas ruas de Lisboa encontramos muitas vezes, quer na iluminação, quer na calçada, e até mesmo na bandeira, a alusão a uma barca e dois corvos. Mas porquê falar destes corvos? Porque se tornaram num símbolo da capital? Olhando para o emblema e bandeira de Lisboa, salta-nos à vista os corvos nela desenhados. Isto está relacionado diretamente com o verdadeiro padroeiro da cidade, S.Vicente, e com a sua história de mártir...


Segundo a obra "Santos e milagres na Idade Média em Portugal", decorria o século IV, quando o governador de Valência, teria martirizado o bispo de Saragoça, o diácono Vicente. Depois de matar o bispo, abandonou-o em espaço aberto para ser consumido pelos animais. Entretanto surgiu a lenda de que o corpo havia depois de largado sido guardado por um anjo sob a forma de um corvo, que ali permaneceu, afastando os restantes animais. Depois de saber desta história o governador ordenou que recolhessem o corpo de Vicente e mais tarde o lançassem ao mar. Mas, uma vez mais, esta ordem não teve o efeito desejado, visto o corpo ter voltado a dar à costa. Os cristãos, ao darem com o corpo, decidiram em segredo sepultar o diácono ali junto ao mar. Quatro séculos se haviam passado e durante as invasões muçulmanas, com quase todos os vestígios cristãos a serem destruídos, eis que os sobreviventes optaram por proteger os restos mortais do antigo bispo, levando-os de terra em terra até chegarem ao Algarve, mais concretamente ao "Promontório dos Corvos", atual cabo de S. Vicente. Foi, no entanto, aquando das conquistas de Lisboa por D. Afonso Henriques, e quando este soube da história do "santo", que ordenou que as relíquias fossem trasladadas para a Igreja de Santa Justa, em Lisboa, e mais tarde, com o terramoto de 1755, transferidas para a Sé Catedral, tornando S. Vicente no santo padroeiro de Lisboa. Durante o transporte dos restos mortais do santo, do Algarve para Lisboa, estes foram sempre acompanhados por dois corvos a sobrevoar a caminhada, sendo que descendentes destes corvos ficaram até meados do século XVIII a viver numa das torres da Sé. Está então explicada a história dos corvos e a sua ligação a Lisboa.

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