sábado, 6 de dezembro de 2025

VIAGEM COM ALMA: SILÊNCIOS E PAISAGENS QUE FALAM - EXPOSIÇÃO: "DO SOBREIRO AO CASTANHEIRO" (em atualização)

Há lugares que não se explicam — respiram-se. O Alentejo, com os seus campos ondulados sob o sol quente, sussurra silêncios que dançam com o tempo. As Beiras, com as suas montanhas e ribeiros, contam histórias em cada pedra, em cada sombra que repousa entre os vales. Ambas são geografias da alma, onde a terra molda o olhar e o olhar devolve, em arte, aquilo que o coração colhe. Nesses lugares, o tempo corre devagar, guiado pelo compasso das estações e pelas mãos calejadas que sabem o peso da enxada, o ritmo do tear e o segredo das ervas. O povo guarda nas vozes o eco de cantigas antigas, nas festas o brilho da comunhão, e nos gestos o saber transmitido de geração em geração — saber fazer, sentir, resistir.







Neste encontro entre mundos: o mundo visível das paisagens e o mundo invisível das emoções, transformam-se as texturas da cal e do granito, os tons do sobreiro e do castanheiro, os cantos do vento e os ecos das tradições em composições que são janelas para dentro e para fora — para o que somos e para o que nos cerca. Entre o branco luminoso do Alentejo e o verde profundo das Beiras, há um fio invisível que une a matéria e o espírito, a memória e o presente.



Há casas que não se impõem à paisagem, mas que a escutam. Que nascem dela, como se fossem feitas da mesma matéria dos montes e dos vales. Mais a Norte, por entre os socalcos verdejantes e os caminhos de pedra, surgem aldeias feitas de xisto e mistério, ou onde o casario se acomoda à encosta como uma oração. O granito, abundante e sólido, ergue muros espessos e telhados de ardósia. São construções que resistem ao tempo e ao clima, moldadas pelo saber da montanha. As janelas pequenas guardam o calor, e cada porta em madeira escura é a entrada para uma história — de trabalho, de família, de silêncio. É uma arquitetura que não foi desenhada, mas aprendida — como se cada castanheiro ao redor tivesse soprado conselhos à mão do construtor.




Mais a Sul, entre o calor das planícies alentejanas, surgem casas de cal branca e contornos suaves. Em aldeias, onde a cortiça é orgulho e sustento, a arquitetura popular respira com o sol. O branco das paredes, renovado ano após ano, reflete o calor e traduz uma estética de simplicidade luminosa. A taipa, mistura humilde de terra, cal e palha, revela um saber ancestral de sustentabilidade e adaptação. As chaminés elevam-se como coroas, afirmando identidade — um contraponto à nobreza silenciosa do sobreiro que vigia os campos. 







Entre o peso da pedra e a leveza da cal, entre o xisto e a taipa, há um modo de habitar que não é feito de pressa, mas de pertença. Um modo de construir com o que há, e com o que se sente. São casas-poema, casas-corpo, casas-memória.
E agora, no espaço da exposição, erguem-se novas paredes — feitas de desenho, de luz e de intenção. Cada traço é uma ombreira, cada cor uma porta, cada ideia um lar. Porque criar é também habitar: o espaço, o tempo e o que somos. Esta exposição é, assim, um convite à contemplação: cada traço leva-nos a caminhar devagar, como quem atravessa um campo em flor ou sobe um carreiro da serra, escutando o silêncio antigo das paisagens que nos formam.

É um belo encontro entre Arte e Território.


O ESPECTÁCULO DE INAUGURAÇÃO



















quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Cartaz e Convite

 Próximo da data de inauguração da nossa "Viagem", assinalamos o evento com a publicação do Cartaz e Convite. Teremos um programa especial de abertura da exposição e contamos com a vossa companhia. Ela será para nós o melhor incentivo para continuarmos com este "espírito aventureiro".  Até lá...


sábado, 15 de novembro de 2025

Viagem à Vista

Entre o silêncio do Alentejo e o sussurro das Beiras, duas casas abrem-se ao tempo com a simplicidade serena de quem acolhe tudo o que chega. Lado a lado, conversam num idioma tecido de terra, de calor e de gestos despretensiosos. No Alentejo, respira-se a calma que se alonga; nas Beiras, sente-se a força que perdura.

É com este espírito que continuamos a pintar os nossos cenários de grandes dimensões e, a cada passo, aproximamo-nos dos nossos dois destinos. A viagem tem data marcada: quatro de dezembro. Estamos atarefadíssimos, mas felizes por dar forma a mais uma aventura.



quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Alentejo: Azul e Branco

 Apresentam-se apenas alguns trabalhos dos alunos do 7.º ano. Estarão todos expostos em breve na "Viagem" pelo Alentejo e Beiras. A nossa exposição inaugurará no dia 4 de dezembro e vamos ter muito para mostrar.

Nas terras silenciosas do Alentejo, o branco das casas e o azul do céu encontram-se nas mãos dos artesãos. É nas suas oficinas que o barro ganha forma e vida, transformando-se em pratos, jarras e azulejos que guardam a alma da região. O pincel desliza com calma, desenhando flores, ramos, pássaros e ondas — motivos simples, mas cheios de significado. O azul, profundo e sereno, contrasta com o branco puro, lembrando a luz intensa do verão e a paz das paisagens alentejanas. Cada peça é única, fruto do gesto e da paciência, como se o tempo parasse um pouco para deixar a arte respirar. Assim, a cerâmica azul e branca do Alentejo não é apenas um objeto decorativo: é um pedaço de história, de tradição e de beleza que continua a inspirar quem a observa e recria.




sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Azeitonas - Memória e Alma da Terra (em atualização)

Este desafio é um percurso de descoberta e criação, em que a arte se torna ponte entre o olhar e a essência dos lugares. Nesta etapa, o foco recai sobre a azeitona, símbolo profundo da ligação entre o ser humano e a terra, particularmente nas regiões do Alentejo e das Beiras
As oliveiras, com as suas formas retorcidas e raízes antigas, contam histórias de permanência e resistência. São testemunhas silenciosas de um modo de viver que se constrói entre o sol intenso, a paciência das colheitas e o respeito pela natureza. A azeitona, fruto da oliveira, encerra em si o sabor da tradição, a força do trabalho e a beleza do simples — valores que moldaram a identidade cultural destas regiões e inspiram gerações.

Neste contexto, a proposta desafia-os a observar, interpretar e representar o universo simbólico da azeitona através das linguagens visuais. Pretende-se explorar a sua presença estética, o seu valor histórico e a sua dimensão emocional, transformando o tema em expressão plástica e poética.

Mais do que um exercício artístico, esta proposta é um convite à contemplação: uma viagem pelas cores da terra, pelas texturas do tempo e pelas memórias que vivem no silêncio dos campos. Assim, a arte torna-se meio de encontro entre o território e a alma — um gesto de reconhecimento e de criação inspirado pelo fruto que, há séculos, alimenta o corpo e o espírito.