Os nossos grandes cenários vão ganhando forma, cor e identidade...
Entre o silêncio das serras e o
eco antigo das aldeias, ergue-se a pedra — matéria viva da memória das Beiras.
Fria ao toque, mas quente de histórias, moldada pela mão paciente dos homens
que a souberam ouvir. Nas paredes, nos muros, nas portas gastas pelo tempo,
cada pedra conta um fragmento de um passado que ainda respira no presente.
A arquitetura popular desta
região é um diálogo entre o homem e o território: o granito e o xisto
transformam-se em abrigo, identidade e poesia. A simplicidade das construções,
feitas com o que a terra oferece, revela uma sabedoria ancestral — uma harmonia
entre o natural e o humano, entre a forma e a função.
Estes cenários pretendem captar
essa alma rústica e verdadeira, através do jogo de luz e sombra que revela
texturas, fissuras e marcas do tempo. O traço do pincel torna-se testemunho da
persistência da pedra — firme, resistente, bela na sua imperfeição.
A arquitetura popular do Alentejo reflete a identidade
cultural e histórica da região, marcada por simplicidade, funcionalidade e uma
profunda ligação ao ambiente natural. Caracterizada por casas caiadas de
branco, com barras azuis ou amarelas e telhados de duas águas, essa arquitetura
traduz uma estética tradicional que alia beleza e praticidade, adaptando-se ao
clima quente e seco do sul de Portugal. Um dos elementos mais distintivos é a
chaminé decorada, muitas vezes trabalhada com grande detalhe, que além da sua
função prática, assume um papel simbólico e decorativo, sendo motivo de orgulho
para as famílias alentejanas. Neste trabalho de pintura, procura-se representar
alguns desses elementos icónicos, valorizando as formas, as cores e os detalhes
que tornam o património arquitetónico alentejano tão singular.
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